segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Instrução leonística: A arte de tentar.

A frase é de Pablo Picassso: “Deus é, sobretudo, um artista. Ele inventou a girafa, o elefante, a formiga. Na verdade, Ele nunca procurou seguir um estilo – simplesmente foi fazendo tudo aquilo que tinha vontade de fazer.”

Nossa vontade de andar cria nosso caminho – entretanto, quando começamos a jornada em direção ao sonho, sentimos muito medo, como se fôssemos obrigados a fazer tudo certinho . Afinal, se vivemos vidas diferentes, quem foi que inventou o padrão do “tudo certinho”? Se Deus fez a girafa, o elefante e a formiga, e nós procuramos viver a Sua imagem e semelhança, por que temos de seguir um modelo? O modelo às vezes nos serve para evitar repetir erros estúpidos que outros já cometeram, mas normalmente é uma prisão que nos obrigar a repetir sempre aquilo que todos fazem.

Ser coerente é precisar usar sempre a gravata combinando com a meia. É ser obrigado a manter, amanhã, as mesmas opiniões que você tinha hoje. E o movimento do mundo – onde fica?

Desde que não prejudique ninguém, mude de opinião de vez em quando, e caia em contradição sem se envergonhar disso. Você tem esse direito; não importa o que os outros vão pensar – porque eles vão pensar de qualquer maneira.

Quando decidimos agir, alguns excessos acontecem. Diz um velho ditado culinário: ”para fazer uma omelete é preciso, primeiro, quebrar o ovo.” Também é natural que surjam conflitos inewsperados. É natural que surjam feridas no decorrer destes conflitos. As feridas passam: permanecem apenas as cicatrizes.

Isso pe uma bênção. Estas cicatrizes ficam conosco o resto da vida, e vão nos ajudar muito. Se em algum momento – por comodismo ou qualquer outra razão – a vontade de voltar ao passado for grande, basta olhar para elas.

As cicatrizes vão nos mostrar a marca das algemas, vão nos lembrar os horrores da prisão – e continuaremos caminhando para frente.

Por isso, relaxe. Deixe o universo se movimentar a sua volta, e descubra a alegria de ser uma surpresa para você mesmo. “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios”, diz São Paulo.

Um Guerreiro da Luz nota que certos momentos se repetem; com frequência ele se vê diante dos mesmo problemas, e enfrenta situações que já havia enfrentado antes.

Então fica deprimido. Começa a achar que é incapaz de progredir na vida, já que as mesmas coisas que viveu no passado estão acontecendo de novo.

“Já passei por isso”. Ele reclama com seu coração.

“Realmente você já passou”, responde o coração. “Mas você nunca ultrapassou.”

O Guerreiro então passa a ter consciência de que as experiências repetidas tem uma finalidade; ensinar-lhe o que ainda não aprendeu. Ele dá sempre uma solução diferente para cada luta repetida – e não considera sua falhas como erros, mas como passos em direção ao encontro consigo mesmo.

Texto extraído do livro:“Ser como o rio que flui”, Autor: Paulo Coelho.

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